Agência de Notícias do Projeto Caatinga
Publicação aborda os impactos da BRS Formosa
Uma variedade de mandioca de uso industrial tem mudado a realidade dos produtores familiares do Centro-Sul baiano, em especial dos municípios de Caetité e Guanambi. Recomendada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, a BRS Formosa é resistente à bacteriose, doença que encontra na mesorregião condições excelentes para seu desenvolvimento, acometendo folhas e hastes da planta, levando-a à morte.

Em decorrência da bacteriose, o Banco do Brasil chegou a interromper o financiamento para custeio da produção de mandioca e muitos produtores já tinham desistido da lavoura. Os relatos foram tão impressionantes depois da adoção da Formosa que mereceram, em 2008, um estudo de avaliação de impactos, realizado pelo pesquisador Clóvis Almeida, da área de socioeconomia da Embrapa Mandioca e Fruticultura. Os resultados estão descritos no livro “Memórias Formosas – a trajetória de uma variedade de mandioca da seleção à avaliação de impactos”, editado por Clóvis em parceria com a melhorista Wania Fukuda, hoje aposentada.

A Formosa foi desenvolvida a partir de cruzamentos como parte do Projeto de Revitalização da Cultura da Mandioca na Região Sudoeste do Estado da Bahia, desenvolvido em parceria com a Embrapa Cerrados (Planaltina – DF) e a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola. De 1997 e 2001, foi usada a metodologia participativa, em que o produtor é, além da parte mais interessada, a mais importante do processo. “No Brasil, as variedades locais ainda são mais usadas que as melhoradas. Talvez isso ocorra porque estas não correspondam às demandas do produtor ou não sejam difundidas adequadamente. A metodologia participativa minimiza estes problemas”, afirma Clóvis. 

Impactos

Para avaliar os impactos ambientais, sociais e os ganhos de rendimento após a adoção da variedade, Clóvis utilizou o Sistema de Avaliação de Impacto Ambiental de Inovações Tecnológicas Agropecuárias (Ambitec), desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente (Campinas – SP), e, de 14 a 18 de outubro de 2008, entrevistou 14 produtores em fase similar de adoção da cultivar. Este número atende à recomendação mínima de amostra sugerida pela Embrapa.

A avaliação pela ótica social envolveu quatro aspectos (emprego; renda, saúde; e gestão e administração), todos positivos, assim como o impacto ambiental. “Em decorrência da Formosa, os agricultores abandonaram a ilusão de tentar controlar a bacteriose com o uso de agrotóxico, sabidamente ineficaz nesse caso. Mais grave ainda: faziam as aplicações sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e sem nenhum treinamento, colocando em risco a sua própria saúde e do consumidor”, explica Clóvis. 

Na ótica econômica, o ganho de rendimento e a maior  flexibilidade no tempo de colheita foram as maiores conquistas: as cultivares locais tinham colheita com 18 a 24 meses após o plantio e rendimento médio de 10 t/ha; a Formosa pode ser colhida a partir do oitavo mês, com rendimento superior ao das variedades locais”, afirma Clóvis.

Além de contar um pouco a história da Formosa, o livro traz fotos de 20 variedades de mandioca geradas pelo programa de pesquisa participativa da Unidade, bem como suas principais características.
O livro “Memórias Formosas – a trajetória de uma variedade de mandioca da seleção à avaliação de impactos” pode ser adquirido pelo telefone (75) 3312-8042 ou email benedito@cnpmf.embrapa.br